segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Varanasi (17 a 19 de Agosto de 2009)

Os posts vao continuando escassos.. Nao me parece que seja por falta de vontade, porque cada vez que vivemos uma pequenina aventura, das primeiras coisas em que mal pensamos e em regista-la.. so que depois a almofada tem falado mais alto... Agora na tranquilidade de Goa e face a insistencia de quem nos espera ai pela capital, nao tivemos alternativa...



Mas nao e de Goa que vos vamos falar... Isso fica para depois... Por agora falo-vos da "Meca" do Hinduismo... A cidade santa para os hindus..



Depois de varios templos que fomos deixando pelo caminho, chegamos a cidade cujo foco espiritual e um rio..e que rio.... o Ganges!



Chegamos a Varanasi ja o sol se tinha posto, vindos de Kajuraho (taxi pa Sathna e dai mais uma viagem de cerca de 10 horas de comboio)... O assedio de condutores de riquexos a que ja estamos habituados repete-se a saida da estacao.. no fim de contas somos facilmente reconheciveis.. E de nos, para variar, so recebem desprezo... Aqui pelos vistos os riquexos sao pre-pagos mas nos como ja nao somos os verdinhos de ha 3 semanas, regateamos na mesma... Acaba por ser divertido ve-los como moscas a nossa volta enquanto lancamos um "por 40 Rupias (nem um 1 euro) quem e que nos leva...?" Comecam a afastar-se mas no fundo eles sao uns faceis e alguem acaba por aceitar... Aceita os 40 mas quando ja tamos sentados eles diz que afinal sao 50 pelo facto de estar no "estacionamento"...acabamos por ir por 50... isto e o nosso dia-a-dia...tentar que nos "roubem" o menos possivel, discutindo por 10R que nem 15 centimos de euro sao... mas como ate era mais barato do que o preco pre-pago nem nos chateamos... e ele tambem so aceita porque, sendo de noite, espera que o hostel para onde vamos esteja cheio e ele nos possa levar para outro onde recebera comissao (isto e a India, seja onde for, seja com quem for, o que eles querem e levar-nos a restaurantes, a lojas ou a outros hosteis, mesmo sabendo que nao queremos ir para la...tao sempre a dar-nos cartoes de tudo o que e estabelecimento...comissoes e na India)...





Tinhamos lido na nossa biblia (nao no livro que o Simao trouxe para ler) que gentilmente apelidamos de "Mundo Solitario" (o Lonely Planet), que Varanasi de noite nao era muito recomendavel para os turistas em termos de seguranca... Desvalorizando a prudencia que o Simao defendia, arriscamos realmente por um hostel junto ao Ganges, na primeira linha! (que para variar nao haviamos marcado antecipadamente).. Explico porque arriscamos....Como ja sabiamos o riquexo nao nos podia levar ate ao fim do caminho...Parava numa zona em que teriamos que prosseguir a pe... Felizmente o condutor do riquexo ofereceu-se para nos levar...pensamos que nao haveria problema.. tudo para eles serve pa ganharem comissao... mas a meio caminho ja imaginava um eventual esquema... Tinhamos o condutor no inicio da caravana e atras um amigo dele...O caminho constava de ruelas, literalmente ruelas, que fazem das ruas do Bairro Alto avenidas... dai o riquexo nao nos poder levar ate ao destino, right? Nestes caminhos o pouco que se via era gracas a meia duzia de estabelecimentos que estavam abertos e as nossas "fortissimas" lanternas.Nem o luar se via..Autentico labirinto..Sempre iamos conseguindo ver as vacas no caminho, mas nao o q elas iam deixando...Aproveitavamos para confirmar com alguns locais o caminho so para nos certificarmos que nao estavamos a ser enganados...Mas mapas e indianos nao combinam, nem os condutores ou os policias...Isto quando existem mapas, porque naquela zona nem as ruas tem nome, quanto mais um mapa....

Ate o Goncalo deu razao ao Simao, assumindo que deveriamos ter ficado fora da zona velha, mas eu ainda estava confiante... No fim de contas somos 3 rapazes...Mas o Ganesh nunca nos abandona (Deus Elefante Hindu, baptizado pelo Goncalo como "O Trombinhas", com todo o respeito que lhe devemos)!

Com os pes bem imundos das inumeras pocas que nao conseguimos evitar, la demos com o hostel...Como a maior parte dos turistas se guiam pelo "Lonely Planet", os ocidentais andam quase sempre pelos mesmos hosteis, restaurantes e roteiros portanto mais uma estrelinha em termos encontrado um quarto vazio...Caso contrario, o passeio nocturno nao teria terminado por ali...O condutor de riquexo la nos deixou, deve ter recebido a sua recompensa e era a nossa vez de tentar negociar o preco do quarto... deixamos as coisas e demos uma vista de olhos a varanda do nosso quarto que nos permitia ver o Ganges bem de perto...

Marcamos um passeio de barco para o nascer do dia seguinte (5:30h) e dirigimo-nos para mais uma refeicao indiana a um restaurante conhecido do gerente do hostel...Na India, principalmente no Rajastao de onde tinhamos vindo, a alimentacao baseia-se integralmente em vegetais...Em alguns restaurantes iamos encontrando galinha, mas quando existia, era cara e vinham pedacos bem pequeninos...Com 15 dias de vegetais em cima, arriscamos por um Chicken Tandoori e um Chicken Tikka... Teve piada porque nesse dia e no seguinte, enquanto esperavamos pela comida, ouviamos sempre um cao a ganir... Enfim, se era cao, estava bom... ate pedimos "chicken biryani" (arroz com galinha)... (encontramos agora uns portugueses que nos disseram que os guias dizem para nao se comer carne em Varanasi...).
As refeicoes na India tem sempre a sua piada.. Como entrada pedimos sempre um "cheese naan" (um pao achatado com queijo), Coca-Cola e Sprite (nas suas garrafas de 1950) e depois e sempre uma surpresa, se bem que ultimamente ja temos andado mais pela cozinha italiana "made in India"... Os empregados, com as suas maos limpas, gostam sempre de tocar nas palhinhas onde vamos por a boca, por isso o Goncalo la acaba por mandar vir copos...tocam na comida para indicar quais sao os pratos.... A loica muitas vezes e de metal.. e e engracado porque quase todos as refeicoes sao feitas directamente com as maos...Outro pormenor e que eles nunca tem guardanapos na mesa portanto o Simao acaba sempre por manda-los vir, mas nunca trazem muitos...nao deve ser para poupar porque nao nos parece que eles os usem...

Com o estomago cheio voltamos para o hostel situado na Sindhia Ghat. Ghats sao as escadarias que vao dar ao Ganges... Existem imensas ao longo do seu curso... a nossa era ao lado da Ghat das cremacoes, onde uma familia continua a deter o monopolio da cremacao das pessoas, cujas cinzas sao largadas no Ganges... Isto para quem tem dinheiro para ser cremado... Portanto nas imediacoes do nosso hostel, invariavelmente, acabavamos por nos cruzar com "funerais" em que levavam em bracos os corpos cobertos, entoando alguns canticos, e largando qualquer coisa pelo chao... Este ritual das cremacoes e muito respeitado e nao pode ser registado em fotos...



O despertador comeca a tocar as 4:00 mas ainda esta de noite...e la para as 5.30h e picos (muitos picos) apanhamos o barquinho com o sol a erguer-se no ceu...No nosso barco vai mais um casal de italianos e o remador que tem 16 anos... Como nos, alguns turistas vao partindo de outras ghats (este e o negocio turistico de Varanasi)...

A esta hora ja os indianos andam pelas ghats a tomar a sua banhoca matinal, a lavar os dentes, a lavar e a estender a roupa, a rezar, a meditar... As vacas fazem-no tambem, mas mais para o fim da tarde... Relembro que sao estas as aguas onde libertam as cinzas dos mortos, onde as pessoas fazem as suas necessidades, onde sao libertadas as canalizacoes (as poucas que devem existir), onde deixam os animais mortos e as pessoas que nao tem dinheiro para ser cremadas... Efectivamente, para eles, nao deixa de ser um local de purificacao, mas apenas espiritual porque de resto esta comprovado cientificamente que poucos mls daquela agua tem milhoes e milhoes de bacterias...E por isto que nem os pes molhamos... Se bem que nao deixamos de ouvir historias de turistas que, sem receio, acabam por se banhar...
Por entre alguns bocejos, terminamos o passeio de 2h com 2 dezenas de ghats ja vistas...Descansamos um pouco no quarto... Acordamos por volta das 9/10, vamos a net, tomamos um reforcado pequeno-almoco de panquecas (mel e banana para variar) num roof top enquanto vamos falando na eventualidade de ir de aviao para Mumbai...Fugimos do Ganges e atravessamos o labirinto de ruelas agora de dia... Andamos sem destino aparente em busca de mercados para algumas compras, no fim de contas Varanasi e a cidade da seda... E pena e ja termos deixado algumas rupias em texteis em Jaipur...
Um muculmano encontra-nos, mete conversa, e convida-nos a visitar a sua casa com fabrico proprio de texteis...Acabamos por continuar a pe com ele ate ao bairro muculmano... Nao compramos nada porque a qualidade nao era das melhores, mas deixamos por la umas duas horas do nosso precioso tempo... Comeca a chover... Temos que nos despachar, mas nao sabemos bem para que, nem para onde.. Temos o bilhete para Mumbai para comprar e mais sedas para encontrar... A estacao e muito longe e nao sei como vamos dar com uma agencia de viagens naquela cidade em que ninguem percebe um mapa... Optamos por procurar uma agencia de viagens indicada no guia na Station Road...Abordamos um policia e um grupo de locais que nos indicam o sentido e nos dizem para ir de riquexo.. Chamam o amigo deles, condutor nao de auto/riquexo mas daqueles riquexos a pedal...Nao fala ingles, mas eles explicaram-lhes tudo portanto ta tudo ok... Depois de uma pedalada suada do rapaz (eramos 3 num banco para 2), acabamos nao na Station Road, mas na propria Station...E igual...vamos comprar bilhetes para Mumbai... Vamos para aquelas salas com ar condicionado para turistas bem porreiras... Nao esta calor, nao ha filas gigantes, nao ha indianos a atropelarem-se na fila, o empregado fala um ingles "razoavel", tornando-se ponto de encontro dos backpackers..Pergunto-me assim porque se chamam filas indianas?Eles nunca as respeitam!
Aqui acabamos por encontrar um grupo de 4 lisboetas da nossa geracao que tambem andam nestas andancas... Depois de alguma troca de conselhos, Kerala que ainda era encarada como uma eventual paragem no sul da India e descartada... O Nepal tambem ja nao e uma hipotese (apesar de interessantes os relatos dos nossos compatriotas por la)... O destino e Sul sem duvida! Mas nao ha como evitar Mumbai... Ir de aviao (2h) ou nao?A duvida ainda pairava...Optamos pelo comboio de 27h por ser um quarto do preco (cerca 25 euros)...Era no dia seguinte de manha...

No dia a seguir de manha...Check-out.. Pequeno-almoco no roof-top rapidissimo com o pedido na ponta da lingua e mais uma corrida.. vamos pedindo indicacoes para tentar sair das ghats e chegamos aos riquexos..faltam 15 minutos mas ainda temos tempo para discutir precos.. Nao sei se foi por ter aceite o nosso reduzido preco, mas este condutor levou-nos bem devagar... Nao era a primeira vez que estavamos atrasados para um comboio, mas ainda nao tinhamos perdido um... Na primeira o proprio comboio estava atrasado e na outra entramos ja o comboio estava a arrancar...O que ficariamos a fazer a espera do proximo comboio?Teriamos que pagar outro bilhete?Haveria disponibilidade?... Vamos pedindo que ele se despache e ele responde com o travao... Chegamos a estacao e o relogio exterior aponta a hora de partida do comboio.. Atravessamos a "estrada" parando o transito e corremos com as malas as costas...nao sabemos a plataforma e os indicadores em Indi tambem nao ajudam...a primeira nao e portanto ainda ha escadas para subir...Agora qual das outras 7 sera? O Goncalo volta para tras e pergunta a alguem... A corrida continua e descemos umas escadas serpenteando uma multidao de gente em sentido contrario... O comboio que esta a partir diz Varanasi-Mumbai.. O Simao diz que ja nao vale a pena, mas correndo ao lado do comboio acabamos por saltar, um a um, para uma carruagem qualquer... Tentei ajudar o Simao e acabei eu por cair em cima de alguns indianos... Nao importa... Aquele ja n perdiamos...Ehehe

Deixamos evaporar o suor e entretemo-nos nas seguintes 27h...

Pelas "dunas" de Jaisalmer (10-12 Agosto 09)






















Apos a viagem inesquecivel que tivemos de comboio, a qual o Didi Pedro ja vos contou, la chegamos a estacao de Jaisalmer. Ainda no comboio, mesmo no final da viagem, mais um indiano vem meter conversa connosco... As conversas que os indianos tem com os estrangeiros resumem-se ao seguinte: Primeiro fazem as perguntas basicas que parecem mostrar um interesse genuino e as quais ja quase que respondemos por antecipacao: "De que pais sao?", "como se chamam?", "o que fazem?" e "ha quanto tempo na india?". Posto isto, demora cerca de 3 a 5 minutos ate nos proporem qualquer coisa, desde um alojamento num hotel qualquer, uma ida a loja de tecidos ou artefactos, um restaurante (" good food and very clean") e, por fim, haxixe.
Fazem isto sempre com vista a comissao que recebem das lojas caso aceitarmos ir com eles..
Neste caso o simpatico indiano, de seu nome Shati, propoe-nos estadia no seu fabuloso hotel por meras 150 rupias o quarto por noite, mostrando-nos ate um panfleto todo catita que trazia consigo. Acabamos por ir com ele para o hotel Bharwana, que afinal ate nem era assim tao mauzinho (tendo em conta o preco, que acabamos por regatear por 120 rupias a noite, o que da menos de 2 euros pelos 3).
Foi atraves do hotel que marcamos o tao esperado safari no deserto, dois dias e uma noite com tudo incluido (leia-se umas garrafas de agua que iam ficando bem quentinhas com o sol a dar-lhes em cima ao longo do dia, umas bananas e uma manga compradas a pressao antes de sairmos, comida vegetariana feita pelo guia que ate nem era ma de todo, cobertores para a noite e um camelo para cada um).
Passados o resto do dia em Jaisalmer, que basicamente se resume a um forte bastante imponente, e partimos no dia seguinte em direccao ao deserto.

Andar de camelo e giro.. imaginamos que somos o Lawrence da Arabia numa das grandes caravanas que atravessam o deserto durante dias, vendo apenas areia e ceu ..Isto nas duas primeiras horas... Depressa nos apercebemos que as dunas iam tardar a aparecer, dado que atravessavamos planicies, de areia e certo, mas com bastante vegetacao e varios rebanhos de cabras. O resto resume-se a dores no rabo, nas coxas e muita sede...

Os nossos estimados guias, Baba e um rapaz de 13-14 anos, levaram-nos ainda a algumas aldeias no meio do nada, nas quais os aldeoes nos olhavam com curiosidade, principalmente as criancas que nos acenavam e gritavam "namastai". Foi interessante passarmos por aquelas aldeias, tao distantes e desligadas do nosso mundo ocidental. Como a vivencia naqueles locais nos parece tao impossivel...No meio do percurso paramos ainda para almocar..

Ao final do dia alcancamos entao as dunas. Curiosamente, esperava-nos um vendedor de coca-colas e sprites "fresquinhas" que logo surgiu mal "estacionamos" o camelo. Sedentos como estavamos e com um saco cheio de garrafas de agua quentes, la abrimos os cordoes a bolsa.. Que venham as coca-colinhas indianas..e para os guias tambem taditos..

Vimos entao o por do sol nas dunas, uma imagem realmente magnifica e inagualavel e rebolamos um bocadinho pelas encostas de areia como criancas que somos...:)

De seguida, jantamos umas batatinhas "dal", arroz e "naan" (pao). O Baba ficou triste por comermos "very little little" mas de facto nem tinhamos muita fome...a sede e que era pior e logo pusemos as garrafas de agua espalhadas pela areia a espera que o frio da noite as arrefecesse.. Outra curiosidade desta estadia no deserto foi ver como o rapaz guia lavava os pratos de aluminio onde comiamos, com a areia do deserto e com umas gotinhas de agua..espantoso... imagino o que seremos capazes de poupar em fairy ou super pop limao quando chegarmos a lisboa..

As caminhas que nos estavam destinadas para pernoitar eram dos mais basico possivel, mas com os cobertores em cima, ate se tornavam relativamente confortaveis.. Pudemos ainda conversar um pouco com os guias sobre as suas vidas. O Baba faz safaris de camelos ha 10 anos e recebe umas miseras 2000 rupias por mes, tendo em conta que cada um de nos pagou 1500 rupias pelo safari.. (mais outra situacao em que devemos ter sido roubados...)

A noite no deserto foi mais uma experiencia enriquecedora.. sob as estrelas do ceu acabamos por fazer uma tertulia no deserto... falamos durante horas deitados nas caminhas sobre tudo um pouco: a faculdade, politica, viagens, india, amores, desamores, portugal, "gaijas" e sobre o futuro ... Nao necessariamente por esta ordem.. Deixamos a mente divagar erraticamente enquanto contavamos as estrelas cadentes que passavam...Estavamos a 20 km da fronteira com o Paquistao, sem nada a nossa volta, sendo a unica luz a da lua.. Foi um momento para saborear, vivenciar.. e por isso dormimos muito pouco tempo (com excepcao do dioguinho que ferra o olho em tudo o que e canto)... nem deixamos dormir os coitados dos guias..

Na manha seguinte, depois de um "xai" (cha) quentinho, montamos de novo nos nossos camelos por mais cerca de 4 horas ate ao local onde o jipe nos vinha buscar.. Podiamos ter andado mais umas horas, mas as dores no rabinho e nas coxas e dado que ja se tornava mais do mesmo decidimos ficar por ali..

De volta a jaisalmer, depois de uma banhoca bem necessaria, uma lavagem de dentes mandatoria e uma lavagem de t-shirts com sabao azul e branco imperiosa, fomos passear por mais um bocado na cidade. Paramos em mais um rooftop dum restaurante local onde acabamos por conhecer um grupo de franceses, sendo que um falava brasileiro. iam ficar um meses na india a estudar... corajosos...Mais tarde, ainda no mesmo restaurante conhecemos dois portugueses que tambem passeavam pela india mas em "sentido inverso".

Depois de um suminho de manga natural ao por do sol e de mais uma fuga a um vendedor de tunicas (que se auto intitulava de Al Pacino de Jaisalmer), acabamos por cear num ristorante italiano com empregados chineses e um dono indiano (a multiculturalidade da india a fazer-se notar..). Apos uma bela pasta, seguimos para o autocarro com boleia do jipe do hotel que supostamente seria gratuita. Mal paramos ao pe do autocarro ja o condutor nos pedia 30 rupias pelo transporte. A mesma quantia pedia o pica do autocarro para por as malas na bagageira. A primeira nao cedemos enquanto que a segunda teve de ser...

O autocarro transportar-nos-ia para Jodhpur, onde ficamos apenas umas horas na estacao, numa "limpa" sala de espera.. As 9 da matina apanhamos o comboio para Agra em busca das "samosas" perdidas, que e como quem diz a procura de novas aventuras...












domingo, 16 de agosto de 2009

De Agra para Jahnsi e depois Kajuraho (15/08/2009)

5h da manha! Eu e o Simao levantamo-nos para ir comprar os bilhetes po Taj enquanto o Diogo toma banho! Uma hora depois estamos nos a entrar numa das 7 maravilhas do mundo pa uma visita que durou umas 2/3h! Depois da visita a fome ja aperta, entao sentamo-nos calmamente a tomar o pequeno-almoco no hotel!Entre tostas e omeletes, cresce a vontade pa um banana honey pancake...pedem-se dois e comeca a espera...esperamos mais um pouco e nada! Eu decido ir tomar o banho pa despachar!Saio do banho e nada!No meio de tanta espera percebemos que temos 25min pa chegar a estacao de comboio que fica a...25min de distancia! Entre cancelar as pancakes,nao receber o troco e correr para fora da zona do Taj, la conseguimos um riquexo! Chegamos a estacao, saimos a correr do riquexo para apanhar o comboio...comboio este que nao sabemos em que plataforma esta e se ja partiu!Chegamos a primeira plataforma, perguntamos muito rapido ao policia se e este o nosso comboio, ele pede os bilhetes pa ver e eu nao os consigo dar...o comboio dessa plataforma comeca a andar...nos la achamos que aquele e o nosso comboio e comecamos a correr para o apanharmos! E sim, apanhano-lo e sim era o nosso comboio!
A viagem de comboio em si foi normalissima, estando nos sempre com o ingenuo pensamento de que ja tinhamos tido uma bela aventura, pois quase que tinhamos perdido o comboio!

Chegados a Jahnsi, o mesmo frenesim de sempre a regatear o riquexo mais barato para nos levar pa estacao de autocarros! E aqui comeca a verdadeira viagem...chegados a estacao, apercebemo-nos da quantidade de lama, lixo e autocarros que esta tem...comeca a chover e nos de malas as costas...para nao variar, temos uns 4 gajos diferentes a dizer que o seu autocarro vai pa Kajuraho, que o seu e que e o expresso, que e o mais barato, enfim o de sempre! La escolhemos um deles mas dizemos que vamos so ver o autocarro...para isso atravessamos a estacao de lama e coco de vaca e quando la chegamos reparamos que, pelo menos em comparacao com os outros autocarros este ate tem bom aspecto exterior! Friso o exterior porque assim que vamos a espreitar o interior, voltamos a lembrar-nos que limpeza e higiene nao e, decididamente, o forte dos indianos! Reparamos tambem que estao la duas foreigners que vinham connosco no comboio! La decidimos ir naquele autocarro...compramos os bilhetes, 120Rupias cada um. Os lugares sao todos juntinhos, logo nao vamos ter monhecas perfumados ao nosso lado, o que seria muito bom, ate ver que o que eles consideram 3 lugares... na minha terra dao no maximo para duas pessoas...
Depois de por as malas no porta-bagagens, por 10 rupias cada uma, e de deixar as mochilas com o simao no autocarro, fui la para fora fumar um cigarro com as nossas companhias permanentes aqui na India, as moscas e a bosta de vaca! La pelo meio havia uma tentativa de engraxador (a dizer pelos seus utensilios, para mim ele sujava mais do que limpava!), uns vendedores de banana e uma mini-roulotte de comida. Estou eu a fumar o meu cigarro com os usuais olhares dos chamucas...ainda nao percebi porque, mas nos devemos ter alguma coisa que os deixa curiosos! O diogo vem ter comigo para irmos comprar umas bananas para o caminho, visto que ja nao comiamos nada ha algumas horas! La as compramos e passados mais uns minutos comeca a nossa viagem...
Na primeira travagem, penso que tihamos andado uns 100metros inteiros, ouco o simao a queixar-se, mas nao percebo porque...mais uma centena de metros e ele queixa-se outra vez...parece que chove dentro do autocarro e ele esta a molhar-se todo e as nossas mochilas tambem...bonito! A agua acumula-se entre a chapa e o que nos separa dela, e na travagem a agua vem toda que nem um riacho ca para baixo! Entretanto eu que me tinha sentado noutro lugar, sou expulso deste por um homem barrigudo e com mau aspecto, que vim a perceber depois que e o pica/chefe do autocarro! Dai o facto de eu ter reclamado nao ter servido de nada!
Nao posso estar naquele lugar, no que me e devido chove...la temos de ir para o meio dos monhecas! Vamos os tres la para tras e reparamos que uma das holandesas ja tinha feito o mesmo, separou-se da amiga por culpa dos pingos constantes que caiam em cima dela! Sentamo-nos os tres e volto a constatar que naquele espaco nos nao cabemos para fazer uma viagem que se avizinha longa, entao eu levanto-me e vou procurar outro lugar...Na ultima fila nao me apetece visto que tambem chove e e bem apertada...ao longo do autocarro os nativos ja ocuparam todos os lugares minimamente secos...logo, ja que tenho de apanhar chuva, ao menos que seja ao lado da holandesa! Sempre tou mais a vontade de espaco! La me sento ao lado dela e sinto as pingas constantes a cairem e o riacho que jorra a cada travagem...um pouco irritado la me distraio em conversa com a senhora professora! No fim da conversa de circunstancia la me lembro de ir buscar o meu impermeavel (sim, ja estava todo molhado, mas ao menos nao sentia aquele pingar constante nem tinha que tentar desviar-me do riacho a cada travagem!)! Vou ate la atras ter com os meus companheiros de viagem que, sem eu perceber como, tinham adormecido...enfim...volto la para a frente, ja protegido da chuva e sem conversa para ter, comeco a tomar atencao a conducao do senhor motorista...que e exactamente igual a conducao de um condutor (passe a redundancia) de riquexo so que agora estamos num autocarro...aquilo que era arriscado passou a assustador...as tangentes com os camioes em sentido contrario...as ultrapassagens apertadas e em curvas cegas, com um carro ou elefante a vir no sentido contrario...o mau habito de se chegar a berma da estrada sem cuidado, quando o que havia alem desta era uma ravina...as travagens a ultima com o piso molhado e os pneus carecas (sim, reparei neles enquanto fumava um cigarro com as moscas!)... tudo isto numa estrada em que o proprio autocarro mal cabia, num autocarro sem limpa para-brisas e enquanto chovia forte e feio e caia a noite...
Ao fim de umas horas paramos numa terrinha perdida no mundo! A maior parte dos indianos saem ali e como nos apercebemos que vamos ficar parados um tempinho, eu e o diogo vamos as casas de banho publicas fazer um xixi! Recuso-me a comentar o estado e o aspecto dos urinois que estavam no meio da rua... Quando voltamos, o homem que nos tinha levado aquele autocarro esta a dizer que o autocarro esta com problemas mecanicos e que vamos ter de ir de taxi ate Kajuraho! A minha primeira reaccao e dizer que nao vamos pagar mais por isso...que tinhamos pago o bilhete ate kajuraho e que por isso eles tinham que nos levar ate kajuraho! Eles so diziam: "OK, no problem! OK! No charge!" e nos aceitamos!La pergunto que tipo de taxi e que e e eles dizem que e um jeep...se calhar nao vai ser assim tao mau! Tiramos as coisas do autocarro e esperamos um pouco pelo taxi...que realmente era um jeep, mas que ja tinha 20 monhecas la dentro!! E ainda tinhamos de entrar nos e as holandesas...e a nossa respectiva bagagem... Bem, comeca a discussao e la conseguimos exigir que nos lugares do meio do jeep irao apenas ocidentais, neste caso eu, o Simao e as duas holandesas! O Diogo vai ter de ir la a frente no banco corrido com mais 4 monhecas! Ja sao cinco num espaco destinado a tres a frente, quatro num espaco destinado a tres no meio e...aguardem...dezassete num espaco para quatro na bagageira! 17+4+5=26...e razao para dizer que estamos fortissimos! Entretanto as nossas malas vao no tecto do jipe, mal tapadas, enquanto chove que se farta!
La comecamos a andar e eu nao consigo parar de me rir com o surrealismo de gente naquele jipe...mando umas piadas ao condutor a dizer que ele nao seria capaz de conduzir o jipe, visto que ele tava completamente de lado e a manete das mudancas estava no meio das pernas do outro que tava ao lado dele, mas ele ri-se e diz que e tranquilo! E eu ria-me...o Simao estava a achar piada mas estava mais reservado...as holandesas so diziam "Ainda bem que voces estao aqui connosco, sozinhas seria pior!"...o Diogo estava desconfortavel demais com aquela gente toda ensardinhada em cima dele...
Supostamente, o que nos disseram era que a viagem iria ser directa e que, provavelmente, ate mais rapida do que se fossemos no autocarro...mas logo percebemos que mesmo isso era mentira! Estavamos constantemente a parar, pessoas a entrar e a sair do jipe, nos preocupados com as nossas malas...primeiro se elas ainda la estavam e depois se estavam secas...! A certa altura, entra mais um gajo para a frente e o diogo fica literalmente com um monheca no colo dele!! E ainda nao vos disse que um dos que ia ao lado do Diogo estava bebado e gritava que se fartava, insistia em falar connosco em hindi...uma personagem que so visto! Se o Diogo tava mal, ficou ainda pior...
O condutor de vez em quando virava-se para tras e dizia-me o numero de pessoas que ia no jipe...o maximo foram 30! Houve um que chegou a ir pendurado do lado de fora, agarrando-se ao espaco que ficava entre a porta mal fechada, enquanto chovia intensamente... E toda esta danca passou-se com a tipica conducao indiana, nas suas estradas de qualidade superior!
Uma das holandesas encostu-se para a frente e nunca mais levantou a cabeca! Entre ma disposicao e nao acreditar naquela situacao, achava que mais valia fechar o olhos e esperar pela hora de chegada ao hotel!
A meio da viagem, a veia indiana dos homenzinhos volta a vir ao de cima...comeca tudo a meter a mao ao bolso para tirar o seu cartao pessoal! Havia de tudo! Se queriamos quarto ou comprar qualquer coisa...algum deles tinha! As holandesas ja tinham o hotel marcado e nos dissemos que iamos para o mesmo que elas...a ver se eles se calavam!
Atras de mim estava um que nao queria vender nada, mas que quando tentava falar ingles oferecia muita saliva...dai que sempre que ele me tocava ou me chamava eu ignorava, como se nao sentisse ou nao ouvisse nada! So falei mesmo com ele quando foi para ele dizer ao amigo que eu nao ia fechar a janela como ele me pedia! "Estao mais de 20 pessoas aqui dentro e eu preciso de respirar!!"
Ja quase a chegar, passadas umas 3/4h penso eu, como eles se tinham apercebido que nao iriam conseguir a comissao dos hoteis, comecam a dizer que precisamos de pagar umas 30 rupias porque ele nos vai deixar no hotel e nao na estacao...nos nao queremos pagar e ele diz que nos deixa na estacao...ate que a holandesa que vinha de cabeca pa baixo se passou e disse que nos nao tinhamos pedido para estar naquele taxi, que ja estava farta daquela merda e que eles so tinham era que nos deixar no hotel sem nos pagarmos nada como inicialmente acordado! Pelo silencio que veio dos homens do caril, percebemos que resultou!
Finalmente chegamos ao hotel, tiramos as coisas e ignoramos completamente tudo o que eles dizem...o que nao os impede de ficaram uns bons 20min a espera a porta do hotel na esperanca que nos nao consigamos quarto! Sorte a nossa e azar o deles...temos um quarto e ate e bem porreiro! Pousar as coisas no quarto e decidir onde ir comer...no melhor restaurante da cidade! Um italiano com pizzas feitas num forno de lenha...que loucura so de pensar em comida a serio! Durante o jantar a conclusao a que chegamos e que por muito ma que seja a situacao em que estamos, ela pode sempre ser pior...
No dia seguinte em Kajuraho vamos de manha para os templos principais da cidade que ficam na zona oeste e sao os unicos que se pagam e tem algum tipo de cuidado constante! Tendo em conta que sao templos com figuras do Kamasutra, as risadas pelas figuras obscenas que iamos vendo sao inevitaveis, no entanto ficamos um pouco com a ideia que aquilo nao era nada de especial...
Com a preguica a apoderar-se de nos, decidimos ir almocar a um rooftop mesmo ao lado dos templos! Depois do almoco, vemos umas lojas e o Diogo promete a todo e qualquer lojista que no dia seguinte ou la para a noite ia a loja dele para fazerem negocio! E o novo truque do Diogo para os despachar!
Vamos ate ao hotel e la ao lado alugamos umas bicicletas para ir visitar os templos dos tres restantes pontos cardeais! Se os primeiros ja deixam um pouco a desejar, que dizer destes...mas foi engracado andar no meio das vilas e aldeias de bicicleta! E sempre com uns 4 ou 5 miudos ao nosso lado que nas suas bicicletas nos iam perguntando o nosso nome, "Vich country?", o costume...intercalado com algumas historias dos templos!
Depois da ronda feita, e como no dia anterior tinhamos comido bem, decidimos voltar ao Mediterraneo! Entretanto tinhamos decidido que iamos embora de manha no dia seguinte e num verdadeiro taxi, so para nos, para nao brincarmos mais com o nosso destino! O taxi levar-nos-ia para Satna, onde iriamos apanhar um comboio que nos deixaria em Varanasi, a terra do Ganges e das suas Ghat's! E ate Varanasi, correu tudo sem percalcos nem aventuras dignas de registo...
Abaixo deixo-vos as tao aguardadas fotos para terem uma ideia do que estamos a falar!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Road to Jaisalmer (10 de Agosto de 2009, 01.27h)

Estou a escrever as escuras, apenas iluminado pelo luar e pela luz de uma lanterna apontada contra o meu corpo (espero que a pilha nao se acabe entretanto), para nao incomodarmos mais os nativos, ja com motivos mais que suficientes para nao acharem piada a nossa companhia.





Esta e a primeira entrada do nosso blog (apesar de ja termos algumas pelo nosso Moleskine), porque so hoje, apos 5 dias de viagem, o cenario se afigurou realmente assustador.


Eu, o (Diogo) Simao e o Goncalo deixamos Jaipur ha uma hora, no dia em que sao registados nos tabloides indianos 12 vitimas mortais de encefalite japonesa em Udaipur (cidade por onde ja passamos), a 2a vitima mortal de Gripe A e noticias sobre recentes resistencias a medicacao anti-malarica.


Seguimos assim para Jaisalmer, o unico destino que temos por certo neste momento. Pensamos seguir para Agra daqui a 2 noites mas ainda n temos comboio... E depois Varanasi... E depois... a viagem permanece uma incognita ate para nos...

O Nepal que viajou connosco para a India como destino mais que provavel foi perdendo o seu potencial pelo reduzido tempo de que disposmos, que permitiria apenas ir a Kathmandu, a capital, o que nao faria jus a tudo o que aquele pais tem para oferecer (fica para o ano...).

Descartado esta tb o Noroeste indiano, por andara um portugues solitario com que nos cruzamos por Dehli. A parte ocidental dos Himalaias e muito bonita, predominando a cultura budista, onde se encontra exilado todo o governo tibetano, inclusive o Dalai Lama. Contudo, mais uma vez, por falta de tempo temos de fazer escolhas... Ainda para mais o Goncalo leu hj tambem que a linha de Caxemira sofreu algumas oscilacoes... Enfim fica para nova viagem...
Em cima da mesa estao assim aprofundar o Nordeste entre o Butao e o Nepal, ou prolongar a nossa estadia pelo Sul na antiga colonia portuguesa de Goa (famosa pelas suas praias) ate a zona de Kerala (onde poderemos dormir em barcos nativos com todas as mordomias e\ou, eventualmente, viajar ate a umas ilhas paradisiacas). Parece aliciante mas a zona do Nordeste com Darjeeling como uma das principais cidades, sendo uma zona igualmente com forte presenca budista e rica pelas suas reservas de animais, destacando-se os rinocerontes. Resumindo, ainda nao sabemos.... Sabemos sim que queremos fazer um safari de elefante pela floresta e ver se encontramos alguns tigres...seja em que sitio for porque parques nacionais, existem por todo a India (e elefantes tambem).



Peco desculpa por me ter estendido mas queria actualizar-vos do nosso estado de confusao actual, que ja nos roubou muitas horas de descanso nesta viagem. Falo-vos disto tambem porque foi a unica forma que encontrei para teletransprotar o meu pensamento para fora desta carruagem e ganhar coragem para descrever a situacao que estamos a viver.

Regresso assim ao comboio, comboio em que nos encontramos para Jaisalmer. E a nossa 3a viagem neste meio de transporte. Explico assim que existem 4 classes de lugares deitados na espantosa rede de transportes indiana, em viagens longas como esta (mais ou menos 11h). Os lugares repartem-se assim pela 1a, 2a, 3a (tds com ar condicionado, consoante o n de camas em altura) e a SL (com ventoinhas).

A primeira viagem (Dehli - Udaipur) que fizemos foi em 2a, mas vimos esta oferta limitada para as seguintes viagens. A nossa 2a (Udaipur - Jaipur) fizemo-la em SL, trocando os vidros embaciados devido ao ar condicionado, pelas janelas abertas com grades. Nessa viagem ficamos os 3 distibuidos pelas camas mais altas das 3 colunas de camas sobrepostas que existem por compartimento. Mesmo assim, dormimos bem agarrados as malas, acordando de x em qd pa vermos q os indiandos se iam acumulando la por baixo com podiam. Se pensamos q o auge das nossas aventuras tinha ficado por ai, estavamos bem enganados.

Nesta viagem, em que acabamos de embarcar, o comboio ja havia partido ha cerca de 8h de Dehli e nos so entramos agora em Jaipur, esperando/nos como ja dise mais 11h de viagem.

Esperamos na plataforma pelo comboio mais tempo do que e habitual, tendo tido oportunidade de reparar que os carris como a maioria de outros locais, se encontram repletos de lixo, de dejectos (humanos tb!) e de ratazanas... Conseguimos reparar tb q estas conseguiam andar inclusive pela plataforma.. Esta, por sua vez, da tb abrigo a mts nativos que, com ou sem tapates/panos, nao hesitam em deitar-se.. So pensam 2 xs qd vem o guarda com o pau e ai tem q s sentar... ou qd vao urinar aos carris... Enfim sao estas as especiarias que compoem uma estacao de comboios indiana, isto multiplicado por 1000 pessoas....

O comboio avista-se na estacao...Que surpresa...esta cheio! Os bracos castanhos que tentam escapar por entre as grades das janelas abertas e as carruagens de carga com as portas abertas, tornados autenticos dormitorios humanos. Literalmente sobre o comboio viajam mais umas centenas de nativos (n exagero, os comboios sao realmente grandes!).

Olhamos da plataforma para dentro do comboio, para os nossos lugares ja ocupados... Surge a ideia de nos infiltrarmos noutra carruagem "com mais classe", mais fresquinha e quem sabe mais cheirosa... e a boleia deles la entramos....estas igualmente lotadas....Esperamos num estreito espaco junto a porta...e o comboio poe-se em marcha! e o "pica" aparece logo a seguir...

Explicamos a nossa situacao...estamos dispostos a pagar a diferenca pa permanecer ali...todos numa cama...por qualquer que seja o up-grade...mas apenas recebemos desprezo...Temos que o seguir... Atravessamos as carruagens de par em par com os nossos 20kgs as costas, levando alguns pes pelo caminho... ate q surge o momento em que eles nos manda avancar e fica para tras, encerrando uma porta estridentemente nas minhas costas, uma porta que naquele momento parecia a de uma jaula... Esta n separava apenas duas classes distintas, trazia-nos como que para um urinol gigante e extremamente abafado...

As escuras atravessamos uma carruagem com seres por tudo o qt era lado, ultrapassando claramente a lotacao maxima. Para darmos com os lugares, pedimos para alguem acender a luz e, ao que apenas eram olhos, juntaram-se as silhuetas entorpecidas e curiosas, por esta presenca claramente inesperada... Passamos por um policia...Completamente indiferente aquela Babilonia...

Finalmente chegamos ao nosso compartimento apos termos ido para a frente e para tras por mais que uma vez. Nada mudara...aqueles que tinham achado piada aos nosso lugares, por la continuavam...Ligamos as luzes, nada muda...por ali todos dormem....A excepcao de uma alma caridosa que nos decide ajudar apos varios minutos de estupefaccao e de hesitacao, indicando quais eram os nossos lugares. O espanto aumenta qd nem sequer correspondem aos numeros assinalados nas paredes do nosso compartimento... Pedimos a um senhor para tirar uma mala de uma cama pa la pormos as nossas...Menos mal... E agora..Vamos de pe? Felizmente o mesmo rapaz acorda outro pa saltar da cama la em cima, q tb nos pertencia...Alguma discussao na lingua local e la se decide a sair...Enfim temos 2 lugares....O terceiro la em baixo nem vale a pena, de tao ferrado que vai o indiano.

Vamos entao para a cama de cima...os 3...visto que a do meio ja tava cheia com as nossas malas...um espaco pai de 1,80 por meio metro...e outro meio metro de altura...Sentamo-nos, portanto, o mais curvados que podemos, mais camaras e afins..e imaginamos as prox 11h.. Fazemos turnos de vigia p controlar as malas? O diogo oferece-se pa ser o 1o ms n imaginamos como podemos ocupar o tempo ate de manha...

Quando tudo parecia destinado, o Deus Ganesh intervem personificado noutro "pica", que nunca imaginamos que tb passasse por aquelas carruagens... Vem assim limpar o nosso 3o lugar, mandando sair o mal/humarado indiano... Incrive o espanto q tem pelos "picas"... Tlv pq costumam andar com um policia atras, sempre com o seu bastao...

A sujidade e o calor que tinham sido as nossas principais preocupacoes na viagem anterior, ali tinham-se tornado verdadeiras mariquices...e acreditem que nao o eram...So nos queriamos encostar... e agora podiamos...Contudo, permaneciam os mesmos olhos curiosos e os indianos deitados pelo chao como podiam...O Diogo agarrou-se a cama mais alta..Depois la trocou com o Goncalo que hje esta pior da cnstipacao...La em cima nao se apanha vento...Fica a proteger os nossos bens...Acabei relegado para a mais em baixo...Depois de aquilo tudo ja n havia como reclamar...apesar de ter ficado bem perto do chao e dos nossos acompanhanntes....Apesar de tb estar constipado, limitei-me a tapar a cabeca com uma t-shirt...

O barulho e apenas interrompido pelos nos esgares de tosse e alguns murmurios entre os locais...as luzes apagam-se...e as comichoes vieram pa ficar, apesar de bem secundarias...

Um cenario tirado de um filme... e nao da telenovela da moda... E ca ficou uma boa historia pa contarmos aos netos...

Vou mas e tentar dormir o mais que puder porque nos espera uma noite no deserto...